segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

“Titio calmo, todo mundo calmo”

Alguém tem coceira naquele lugar, uma criança. Bom temos de resolver. Se nenhuma providência for tomada, as conseqüências serão imprevisíveis e não se faz isso com uma criança. Bom, telefona para cá, telefona para lá. Ok encontrado um caminho. Pegar mamãe e criança e levar ao pronto atendimento do hospital. Tudo rápido e improvisado, mas já fiz isso durante muitos anos. Problemas de saúde, não avisam com uma semana de antecedência, e alguns quando acontecem, tem de ser diagnosticados e administrados os remédios o mais rápido possível. Este era um desses casos. Todos chegaram bem. O atendimento na recepção foi bom. Tive o cuidado de pedir uma médica pediatra e não um médico. A médica, formada em pediatria e nefrologia, tinha a cara de nerd.  


Parecia um homem, cabelos pretos curtos, rosto fino, óculos de lentes grossas. Colocou a menina de barriga para cima, termômetro embaixo do braço, e com as pernas abertas, em “forma de borboleta”, afinal essa é a linguagem da pediatria, pediu para a mamãe acompanhar e dar uma olhada. Mostrou  e explicou o que se passava. Essa é uma situação que leva a mamãe a um stress, a jato. Atendeu bem, mas como um nerd, esqueceu de tirar o termômetro da pequenina, que ao levantar, espocou-se no chão. Recomendou uma higiene no próprio hospital, e após isso, uma coleta de urina a ser feito pelo pessoal da enfermagem. Uso de papel de bebê na higiene? Nem pensar disse a pediatra. Mais uma causa de stress para a mamãe. Em seguida coleta de urina na enfermagem. Mamãe entrou em “panic”. (stres+stres+stres=panic).  Aqui eu não fico mais.      

 A higiene vai demorar, faço melhor em casa. Mas o tempo para levar para casa e voltar seria maior que o tempo da higiene. Bom eu preparava a documentação do exame de urina e mamãe dizia: “eu vou embora e não vou esperar mais nada, a pequenina está com fome”. Eu estava calmo e lembrei de uma frase que não era minha mas cabia bem naquela hora: “Titio calmo, todo mundo calmo”. Então eu disse: “Um momento já volto”, ao mesmo tempo em que a mamãe completou: “Se você sair vou embora”. Saí e voltei com um Danone de morango, para acabar coma fome e distrair. Com uma  ansiedade da mamãe não ter ido embora A pequenina entrou e saiu sem fazer o xixi, e agora? Vamos a lanchonete comprar um litro de suco de laranja para a pequenina. Mamãe surtou. Agora não gostei. Tudo improvisado, era só tomar um remédio e pronto. Mamãe parou no tempo. Eu não vou com vocês! Vou ficar aqui! E ali ficou, parada olhando para o céu, procurando alguma orientação nas nuvens, procurava, procurava e nada, talvez porque estamos no hemisfério sul.  Fui com a pequenina até a lanchonete, escolheu refrigerante de limão e depois do primeiro gole: “Titio o xixi não quer esperar, já vai sair”. Pequenina no colo, caderno embaixo do braço refrigerante em  outro braço e lápis de cera na mão em direção a enfermagem. Gol do xixi dentro do copinho, após um belo passe da enfermeira. Estacionamento pago. Mamãe lá embaixo das árvores. O resultado me pareceu bom: No mesmo dia fomos bem atendidos. Sem agendamento em menos de uma hora. O exame de urina, colhido pela enfermagem, logo após a consulta, com resultado uma hora e meia após a coleta, retorno a médica para prescrição da receita a nossa escolha: Após o resultado do exame ou mais tarde com a mesma médica. Enfim estou vivo, ou isso não é uma família! gaivota

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