terça-feira, 7 de agosto de 2018

Passou

Passando susto,  angustia, tristeza, sopro na casa, rastro na estrada.
Passando desespero, desrespeito, desgosto, risco no chão, dedo no portão.
Passando um passado, que não passa do presente.
Uns verdes olhos no meio da multidão.
Deixa teto, afeto e adoração.
O cisco no disco jogados no porão.
Passando gana, fama...passou Dama...
Passando naquele canto quente, agradavel das paginas em ação.
Um rastro no espaço de um avião.
E um grito no peito dizendo: Pois não.
Com calma, acalma a tensão.
Hoje te vi!!!
E como te vi! Uma tristeza me veio a face
E fingi não te vê, não aconteceu!!!
Menti para meu coração: Não eras Tú
Um reflexo do espelho provocando uma imagem
Minha Alma se agitou, logo disse: É uma fantasma da mente, não faça bagunça.
Ah!!O que posso fazer com tudo isso!?
A cidade tão pequena, ruas apertadas, e  pouco espaço para fugir...
Tento não caminhar nas ruas, evitando lugares.
Não foi um erro, o Nosso, simples acerto...quem sabe...
Quando o relógio mover e virar a cabeça, tudo será diferente...
O ângulo desse triângulo terá ajuste.
No momento o ancalce é irreal.
Tempo e Espaço, como gosto das palavras.
Ideia de Eterno e Infinito brinca na imaginação...
Estou leve, sou real


urububranco






O que me passa?


Explicação não paga  tempo.
Palavra não justifica nada.
Que tumultuo,
de uma apaixonada.

Não desenvolver ideia.
Não reclamar por nada.
Brinco na pagina.
Sem dar mirada

Acerto o passo com verso.
Nas noites acaloradas.
Na lufada quente do vento.
Imagino... retirada.

Esta vendo!!
Não penso nada...
Desde o término
Continuo amarrada...

O que busca?
O que vasculha?
Um pouco de graça.
É algo anormal que passa.

O coração é um órgão.
Que grita AMOR na calada
Fecho os olhos e tampo os ouvidos
Para não querer nada


urububranco.

domingo, 18 de janeiro de 2015

O Início

 









 

Um começo é sempre preocupante, pelo fato de ficarmos pensando muito sobre a largada.




Quando recordo os bons momentos não quero que se desfaçam preciso desses muitos instantes para florir os dias, através da carta maneira antiga de se corresponder pela qual posso expressar melhor minhas impressões sem o preconceito e crítica, deixando as palavras aparecerem soltas como na mente...nesses meses de enamorada declamei, cantei, chorei, ri, fui tola, boba, desvairada, sem logica, implorando, suspirando e me doando sem limites nas minhas realidades e ilusões.
Imagina... meu primeiro amor depois dos quarenta foi quase que um suicídio uma tortura de corpo e alma onde a razão luta contra as emoções, o abalo do corpo provocado pelo desejo de querer Antares, minha estrela nesse mundo de saudades, desajustes, ciúmes, egoísmo...
Fomos feitos para amar como diz uma música de Ana Carolina - uma viagem misteriosa que fiz todos os dias sem hora marcada nem lugar pelo caminho dos sonhos.
Recordo todos os momentos com a família agregada ou isolada as vezes coloquei frases erradas quando falava que nos fins de semana matava a saudade, Antares faz parte de meus dias. Morro de fome e vivo os fins de semana minhas saudades, o amor exagerado me causa fastio enquanto que a saudade me deixa com fome, nós os seres humanos vivemos constantemente em busca desse precioso alimento que é o AMOR.
Com essas idas e vindas de saudades vividas e compartilhadas durante esses anos com ele cheguei à conclusão que já possuo o que tanto procurava - a felicidade, contrário do que pensei ser essa felicidade, procurei o que possuía e possuo o que procurava - Voce. É por esse detalhe que fiquei parada com o pensamento em nós.
Minha vida se transformou com seu rosto guardado no tempo da minha mente no canto do cérebro naquela época pensava que podia enganar os sentidos, burlar a consciência, estava envolvida com minha ideia de quere-lo, respirar o mesmo ar, dormir e levantar a seu lado, provar dos seus beijos e mergulhar no seu corpo, invadindo esse território como bandeirantes que desbravam o caminho em busca de novos horizontes, e para alcançar esses prazeres que me enchiam de alegria o coração entrei pela porta das promessas pedindo ajuda para Gasparzinho e Fantasminhas, tentando barganhar com Santos de todas as religiões, confessando pecados para o Céu e a Terra e hoje dou graças ao Universo por não ter ido mais longe, porque sei que muitos  se desesperam e mergulham nas forças do ocultismo para conseguirem o que acham que podem... kkkkkk piada né! 

 










A coisa é mais que complicada tudo que pedimos conseguimos de bom grado mas a que preço! Sei muito bem porque falo. Há muitos anos atrás na juventude visitava várias instituições desse tipo chegando mesmo a participar de grupos voltado para a magia branca, infelizmente é algo que não tem como esquecer ou deixar de lado está presente no dia a dia de uma forma ou de outra, esse conteúdo nunca tive audácia de contar por ter várias impressões fortes de episódios fora do comum.
Papai do Céu não ralha com ninguém é tão bom que deixa o homem plantar em qualquer local para depois colher do seu próprio fruto, e para desespero mais tarde descobrimos que podíamos ter tudo aos pouquinhos desfrutando gole por gole para não engasgar, saboreando cada gota de mel, prazer ou de fel que cai no cálice do relacionamento, e assim me esqueci no desejo inocente e ingênuo sem interpretações mesquinhas de atos e frases, livres de vulgaridades.

Tinha noção de todas as minhas responsabilidades comigo e com terceiros mesmo assim o desejo de tocar venceu, minha alma queria se atar com ferro a dele, eu estava amando e por primeira vez sentia algo diferente por um homem, e assim marquei nosso encontro, programei dia, mês e ano para saber se era real, na minha mente o querer era poder, e quando se sabe querer tudo se torna possível aos olhos.

 











Me esmerei naquele dia em buscar as melhores rosas brancas com lírios da mesma cor, cada escolha foi feita com o pensamento em Antares, queria um encontro inesquecível que marcasse meu Universo e assim tudo tinha que representar a lealdade para com esse novo sentimento que me brotava no coração, as rosas brancas por significarem limpo livre de manchas e os lírios por serem flores exóticas muito mencionadas em livros sagrados como a Bíblia, símbolo da pureza, castidade, inocência, paz e perdão.
Se não sabem o lírio tem uma substância inserida no seu perfume que lhe é peculiar, que as rosas também possuem mas em menor quantidade, essa substância auxilia o nosso organismo a produzir endorfinas causando uma maravilhosa sensação de tranquilidade e bem-estar, outro significado é Amor Eterno segundo os chineses representa fartura e calor é a flor do encanto, mistério, magia e sedução, e no meu cérebro todos esses atributos dados a essa flor se ligavam a Antares e ao amor, estava oferecendo ali representados pelas flores meu Amor Eterno, minha religião, a única na qual acredito; a religião de Jesus – o Amor, imbatível Amor.
No fundo queria levar essas imagens para seus olhos, tinha e tenho coragem, não me importava o que estava pensando sobre mim por ter o atrevimento de fazer o convite, não me passavam coisas pela cabeça, queria simplesmente segui meu impulso e intuição quando o vi pela primeira vez. Estava ansiosa para acontecer alguma coisa que marcasse o caminho e pior nem sabia se iria suceder algo, estava na interrogação, fiquei como a criança quando entra nessa fase do encantamento, esperando por um brinquedo, prometendo se comportar para poder adquirir o tão desejado joguete.
Havia naquela época arquitetado uma viagem de turismo para a família mandando-os para Caldas Novas pela CVC, aquilo era perfeito não me contive de tanta alegria, estava só, o tempo e a oportunidade eram meus para me deliciar com sonhos, queria viver minha história encantada de verdades, e não queria que a carruagem que levava a família Buscapé para viagem virasse uma abobora no meio da estrada e tudo viesse a se desfazer a meia noite,  o ônibus sairia nesse horário, corri horas antes para levar pessoalmente a tropa até a rodoviária de Barra Funda, já bastavam dias antes as interrogações da minha irmã preocupada com minha reputação, fiz muitas loucuras na minha adolescência, mas nunca me envolvi com ninguém todos meus relacionamentos levava na brincadeira nada sério, não acreditava que alguém se interessasse por mim como pessoa... uma gozação que passei, como eu era boba na minha cabeça infantil ele gostava de mim e me queria... mas não da mesma maneira, não lhe culpo não conheci mulher que se atreveu a fazer as coisas que fiz, e isso era motivo suficiente para pensar que queria uma transa, uma noitada em um hotel, ele  também não imaginava que o tinha na mente desde fevereiro de 1985 época em que conheci sua mãe numa viagem que fiz ao Rio de Janeiro, nossas mães eram primas, ninguém pode se espelhar no outro isso de achar que todos são iguais no agir e pensar é engano, não tinha ideia sobre o pensamento alheio, não importava realmente e mesmo agora continuo não me importando.
Fiquei hospedada próximo a PUC com minha irmã, naquele dia caminhava pelo apartamento com um frenesi constante, meus pés agiam mecanicamente no assoalho sem presta atenção as conversas a mente fervia não conseguia conter os pensamentos; estava nervosa e oca da cabeça, a sala se enchia de comentários a respeito do meu encontro que iria acontecer logo mais à noite, insinuavam coisas sobre ele e eu defendendo sua imagem como se o conhecesse de longa data, nas condições que me encontrava não penetravam as palavras e cuidados no cérebro, o capricho tomou conta uma obstinação desarrazoada se instalou em mim, é como dizer a uma criança: - você vai cair e se machucar, não faça isso, cuidado  é perigoso, não entendemos só quando acontece.











Me sentia doente pela voz do querer gritando mais alto e o corpo percebia a confusão e querendo aproveitar o embalo acompanhava o ritmo desse samba do desejo, a vontade me fazia mole, estava desconectada, segui para o portão de entrada rumo ao desconhecido com a ansiedade governando a alma, não preocupei em achar uma desculpa para minha imbecilidade, argumentar com a consciências seria bobagem pois nesse dia o Braguinha, diabo e anjo estavam de férias.
Desci os degraus como se fosse a um baile de debutantes com coração explodindo no peito, Antares estava no portão à minha espera, me cumprimentou como a uma prima, colocou o buque no banco de trás do auto e partimos para jantar no Galetos, figura se recordar que apenas ele jantou, hipnotizada não conseguia divisar a comida, tão pouco coragem para pegar nos talheres, sentia uma tremedeira interna e isso me constrangia não queria demonstrar meu embaraço, sei que é indelicadeza olhar o outro comer na primeira entrevista, mas naquele dia mandei a boas maneiras para longe estava muito encabulada comigo mesma.
O clima ameno a noite parecia comungar comigo, embevecida pelo seu porte saímos do restaurante de mãos dadas seguindo para Avenida Paulista, não acreditava que estava ali com aquele homem, tudo parecia um sonho de fadas, parávamos de vez em quando para me mostrar alguns prédios significativos do lugar, andava como um zumbi vexada do meu estado mental, a voz não saia não me conectava a nada, tempo para analisar não existia como dizer a alguém que sim pode querer e depois apagar?? Não era desejo apenas, fiquei com sua imagem colada as recordações de um ano atrás quando estive no Brasil em julho 2007.
Movida por esse sentimento escrevi vários textos os quais coloquei no blog contando meus sonhos e as sensações da minha alma por essa pessoa, instantes esses cheios de vontades que o corpo desconhece, deseja e chora para provar e sentir, foi necessário haver esse sentimento por um homem para compreender essa verdade que é o amor, e para compreender tive que abraçar com o corpo e com a alma esse sentimento, quando recordo o quarto de hotel parada com as costas grudada na parede e as mãos apoiadas para não cair as pernas mal se equilibrando nos saltos uma corrente elétrica passa e o desejo e vontade de sentir mais uma vez me desperta a alma. Esse amor continua no mesmo lugar nunca deixei de ama-lo, anestesiei na alma e reduzi um pouco as emoções para não atropelar os demais e invadir seu mundo novamente.                                                                                                
Somos heróis e bandidos capacitados para investigar, explorar e saquear se for possível, naquela noite me sentia assim, quando chegou perto e falou sei lá o que estava acordando algo dentro de mim adormecido de ano atrás por ele.
Depois houve outros encontros não importava se tinha que viajar deixando metade da família em outra cidade, e assim me envolvi cada vez mais sem atinar no amanhã. O mês estava chegando ao fim as férias estavam se esgotando, para meu desconforto eu regressava para o exilio, a Europa, nunca disse que naquele ano de 2007 que foi nos buscar no aeroporto de Guarulhos eu sabia que iria está a nossa espera, fugi, por esse motivo houve o desencontro, a intuição é nossa reserva de força, foi justo o intervalo que precisava para me refazer emocionalmente, porque não teria equilíbrio para disfarçar esse tormento que estava acontecendo dentro de mim.
Tive essa certeza no Mac Donald’s do shopping onde fomos todos juntos, ali na saída me agarrei ao braço do seu filho para me sustentar a emoção, depois de alguns dias quando regressei de Porto Seguro nós encontramos para juntos irmos ao cartório resolver um assunto do meu interesse esse foi outro episódio que me perturbou quando ficamos a sós esperando pelo horário do local abrir, contei num texto escrito para o blog.
Na distância dos países e no tempo arrecadei energias no meu querer para sentir o homem de olhos verdes - eu me igualava a um cão de guarda esperando pelo seu dono do outro lado do computador, vigiava o fuso horário para meus encontros virtuais furtivos das madrugadas, o sussurrar de sua voz, sua silhueta me balançavam a alma como a um leque aberto não tinha como regressar no tempo e parar o relógio desse distúrbio, assim se passaram meses, o Skype era para mim sagrado instrumento de comunicação onde podia ver sua imagem e ouvir sua voz, muitas vezes eu subia ao Olimpo ouvindo as poesias que declamava, em outras ocasiões cantava e assim me embalava o sono das madrugadas.
Contei aos filhos que amava e desejava viver com Antares, ajudaram na partida, meu coração estava cheio, deixava um mundo atrás para construir outro, queria essa vida, um ser especial no meu minúsculo mundo, um presente de Papai do Céu que havia pedido por longos anos - um amor no meu caminho.

 

O ano de 2009 foi um ano cheio de expectativas, coloquei todos os meus sonhos em pratica, me sentia animada, viva, não que eu estivesse morta, mas o sorriso foi duplicado, estava no céu, andando no ar, meu coração estava transbordando de alegria, as pessoas felizes devem sentir essa sensação, onde ficamos com cara de dementes e expressão de patetas, desejava fazer parte do local depositando um pedacinho de mim.
Minhas filhas de quinze e de seis anos estavam conosco num apartamento de dois quartos na Napoleão, esses primeiros meses foram o paraíso, nada me importava apenas ele, mudamos para uma casa maior e a de quinze anos regressou para estudar na sua terra natal.
Nas manhãs gostava de deixa-lo no portão de casa com um beijo de despedida e ao regressar do trabalho queria estar ali naquele mesmo lugar para recebe-lo a hora do almoço e nos fins de tardes, esse era um processo gostoso que fazia todos os dias, tinha um significado parecia um pouco imbecil quem sabe!
Nossa vizinha ficava me observando nessas despedidas e chegadas, fiquei sabendo muitos meses depois por ela mesma numa conversa de quintal. A pequena de seis anos pulava nos seus braços pedindo para girar gritando tio, tio, tio mais uma vez, o que ele repetia antes de partir para a escola, erámos uma família não muito perfeita, mas razoável. Seu filho vinha nos fins de semana o que me fazia um bem enorme, me sentia recompensada porque me amenizava a saudade que sentia do meu no seu.
Nossos primeiros meses juntos no Brasil foram como conto de fadas e dragões, meu Antares era o príncipe que não sabia para que torre correr e qual dragão liquidar para salvar uma das donzelas, não durou muito para o susto, arrependimento, indecisão e duvidas nascerem no coração do príncipe, não sabia lutar contra essas emoções concretas e correu para a antiga caverna do silêncio e da distância, o terror de se entregar ao desconhecido venceu, o que me fez muito triste porque minha alma estava cativa pelos verdes olhos de expressão solitária.
Depois de julho desci ao inferno,

 me sentei ao lado do diabo e quis conversar com almas penadas do purgatório, me senti isolada, sufocada pelo silêncio, estava ocorrendo algo e eu não sabia o que poderia ser, desconfiava e tinha dúvidas do seu sentimento por mim, a dúvida é nossa pior inimiga.
Não me importava com o fato de auxiliar as antigas companheiras tanto que o acompanhava nas visitas a primeira esposa, penso que a amizade tem que ser fiel e resistente ao tempo, mas havia algo estranho não era a mesma pessoa de quem eu estava acostumada a conversar e isso fazia com que ficasse numa esquina.
O amor acha seu próprio espaço fazendo o caminho para a aceitação e compreensão ou para a burrice pois compartilhava meu par querendo que os outros sentissem o mesmo que estava sentido, sem importar os comentários, que imbecil eu era, mal sabia que esses relacionamentos seriam como salpicão, embaralhando as épocas e pessoas, compreendo que não devemos esquecer um passado mas sim colocá-lo num ponto estratégico para orientação do futuro e nada mais além.
Fiz amizade com a primeira esposa e tínhamos nossas gostosas conversas de cozinha depois do almoço, a segunda não consegui digerir, os olhos diziam mais que a boca, não encontrei laços, e a terceira vi numa ocasião depois de uns anos que tive a casual oportunidade e gostei do que senti, nunca comentei o fato porque não era importante, já haviam vários desajustes para que mais.
Dizem que os olhos são o espelho da alma, quem sabe o seja.
A seus olhos e do resto estava tudo ok, sei que o equilíbrio monetário é importante, o material, as necessidades físicas, casa, alimentação, escola, reuniões, aniversários, natal, encontros de fim de mês e de ano...e por diante...é verdade precisamos disso para viver, tanto que Antares me auxiliou com as filhas e isso não se esquece, os outros desencontros de opiniões se desfizeram no tempo, a vida mesmo não o é como imaginamos, transformamos num disparate de puro engano, uma fantasia criada para satisfazer nosso Ego que na maioria das pessoas é maior que o Eu então penso - minha fantasia é a realidade e a realidade é apenas uma fantasia um faz de conta, brincando de casinha.
Tem um ditado que diz: “Não há bem que nunca se acabe e mal que dure para sempre” é verdade em parte porque o bem é eterno quando a base é fixada numa verdade sólida e dessa verdade surge a luz dando claridade a qualquer sombra de dúvidas pois nenhum mal é infinito e inquebrantável somente a verdade que é um bem, um tesouro.
Como falar de algo que nunca sentimos, provamos ou vivenciamos?
É como pedir para um cego descrever a luz, me igualava a um cego naquela época, vivia no meu mundo.                                                                                                                                                                                       
Ah! Um dia veio a separação, não podia mais permanecer, gostaria que tivesse sido diferente, mas tudo que acontece é porque assim que tem que ser, eu e minha filha de sete anos compartilhávamos as águas que nos escoriam dos olhos num quarto desprovido de tudo na solidão do espaço, o amor imenso estava doendo e não sabíamos o que fazer para suportar a ausência e afogar a saudade, nós queríamos viver nossas saudades e estávamos com fome de amor, fome por Antares.










Depois de três dias de choro levantei da cama e disse: - se você quiser pode ficar se lavando nas lágrimas mas eu vou tomar um sorvete azul aqui na sorveteria do bairro, porque ele não imagina que estamos afogando os olhos e sofrendo a saudade, a pequena se levantou grudando em mim e me seguiu, depois daquele dia evitávamos falar qualquer coisa que nos levasse a recordar Antares , a explicação que dei a uma menina que havia completado sete anos foi metade da verdade, sua irmã estava precisando de ajuda, não devemos enganar NUNCA uma criança, elas são pequenos seres mas com uma inteligência apurada e um senso de sensibilidade maior que de um adulto, por serem observadoras em potencial e terem uma percepção fora do comum, perder a confiança de uma criaturinha dessa é como perder a fé, perder a bússola no oceano da vida.
Em algumas ocasiões pensava no passado para amenizar minha existência nas teclas de um laptop lendo nossos namoros escritos num e-mail feito por ele, vivi esse sentimento durante sete anos as vezes juntos na mesma casa e outros divididos por lugares diferentes, as sete vidas de um gato. Calava para não fazê-lo sofrer e não expor minha emoção, hum...a persistência nos impulsiona para a grandeza ou para a idiotice, passava os dias esperando por solução, agora sei que a verdade tem que ser algo querido e íntimo, deve ser uma parte de nós essa é a minha -  o amor é a resposta para todas as situações e males.
Os anos passavam e o sentimento permanecia poderoso como o mar com suas ondas as vezes suaves e outras indomáveis, algumas noites passava viajando ao seu encontro através do pensamento, e nas teclas do computador colocava cada impressão que minha alma havia registrado ao me aproximar da sua pele, tocar seu corpo, ouvir sua voz, não tem como esquecer nosso Universo...um flashback me vinha a mente...me enroscava no seu corpo como um animal em busca de sua presa, minhas mãos não conheciam limites, meu rosto se esfregava em sua pele...gostava de ficar nesse exercício o que me fazia feliz porque queria Antares dentro do meu sangue, pulmão, estomago...amava-o mais além de mim mesma, meu prazer era vê-lo feliz, pois sua tristeza era minha sentença.
Prometi não pensar e congelar as emoções seis meses no silêncio sem dar notícias, não queria recordar para não sentir, a saudade gritou alto e depois que ele esteve em outubro nós visitando fraquejei e tornei a residir na sua companhia, porque mesmo estando em outra cidade Antares vivia nos meus pensamentos, queria distrair o pensamento e tentava colocar minha atenção nos meus colegas de trabalho mas não conseguia.
Cheguei em 13 de junho, engraçado... nem devota de Santo Antônio eu sou, os primeiros meses estavam amortecidos com a separação do passado, sentia que tinha muito cuidado era como pisar em ovos, no decorrer dos meses vieram várias situações, fazia de conta que estava tudo bem tentava não ligar nos fatos, mas estava louca de ciúmes e não demonstrava, imaginava-o em outras relações, mexia no seu telefone as escondidas quando estava tomando banho para saber quem tinha telefonado, vasculhava sua roupa, observava tudo ao seu redor, cheiro, conversas, olhares, sorrisos... cheguei a conecta-lo com GPS porque uma vez faltou com a verdade, depois disso sabia onde se encontrava e por várias vezes quis surpreende-lo.
Eu não era eu mesma não me conhecia, estava alucinada, tinha perdido o juízo, se é que alguma vez ao seu lado o tive, estava doente da alma, e não queria continuar assim uma pessoa anormal, para meu suplicio alguma coisa tinha mudado no nossa intimidade novamente, não estávamos como antes, eu estava mendigando afeto e isso me doía, e assim se passaram os meses.
Com o episódio de maio de 2012 me conscientizei da realidade, o amor a mim mesma e a moral venceram, só eu amava, desejava e queria, não era justo para ele minha presença a seu lado,  naquele dia me senti como um animal ferido meu território estava sendo invadido, depois disso meu raciocínio funcionou logico e claro, se houvesse problemas Antares nunca iria me querer ao seu lado e pior o espaço não me correspondia, estava demonstrando de dura maneira.
Aquentei para não chorar e desmoronar ali na frente, me fechei e congelei minhas emoções, decidi que tínhamos que conversar, e pela primeira vez tive terror de perde-lo, se é que algum dia o tive, no íntimo já havia perdido, sabia que nem um imenso amor faria saber separar as ocasiões e situações.
Depois houveram vários episódios que nos colocaram mais a distância e com isso a minha partida para outra cidade com a intenção de me operar deixando-o livre para respirar dando folga para Antares ter suas prioridades, amar do seu jeito e decidir quem colocar a seu lado, eu necessitava me organizar, estava quebrada precisava me refazer desse terremoto, e me fui mais uma vez.











Queria um tratamento de choque para despertar para a realidade e essa medicina foi minha torturante operação, na ausente retornei ao equilíbrio da razão e anestesiei as emoções, me preparei para retornar mesmo com as recordações amargas, o que me mantinha eram os incríveis momentos juntos, o pensar nele era um balsamo para o corpo.
Com o passar dos meses não consegui mover do lugar por fatos que ocorreram envolvendo outras pessoas me obrigavam a ficar, e as interferências eram como machado decepando meus membros, para não prejudicar Antares e os outros decidi abrir mão e renunciar, mas não do amor, já o possuía dentro de mim, foi trabalhoso abandonar uma vida que estava começando, apesar de termos iniciado de mal maneira, naquele instante senti que foram os sonhos que deixei de lado e sei que com eles se foram uma parte de mim.
Meu Antares dizia sempre que ninguém ama por igual, é verdade mas para mim o amor só acontece uma vez para nunca mais pois das outras são pequenas paixões que as pessoas sentem e que não prendem o interesse, porque quem conheceu o amor e provou dele nunca esquece e não se contenta com pequenas paixões e não as quer para nada.
Hoje sei que falhei por ter perseguido e me oferecido, foi assim que ele mencionou numa ocasião em que estava chateado e incapacitado de dominar a situação, quando estamos sem controle falamos coisas sem pensar isso é natural, infelizmente não posso compara-lo com ninguém porque não tive muitos alguén.
Não estava abandonando o sentimento, congelava o desejo deixando livre o caminho, porque no meu intimo não sabia o que Antares queria, e necessitava que ele descobrisse por si só, quem sabe apenas companhia?
Amizade?
Nunca tinha me questionado interiormente sobre suas prioridades, não sabia nada sobre ele, não importava, tinha sido egoísta, meu instinto me avisava que era homem solitário, desconfiado, questionador, de ideias firmes, dominador, autoritário, forte de caráter e ao mesmo tempo sensível, carinhoso, inseguro sentimentalmente, com sede de amor e medo de se entregar e amar.
Se passaram quase um ano sem dar notícias novamente, no dia do seu aniversário telefonei, a vontade reprimida de muito tempo de escutar sua voz cedeu, não necessitava vê-lo queria apenas saber se estava bem, isso me bastava, rezava para ninguém prejudica-lo, mesmo longe não queria que nada acontecesse de mau porque uma parte de mim poderia morrer também.
De vez em quando dava notícias mas não queria ter esperanças, já tínhamos ultrapassado muitas barreiras e a pior tinha sido a distância dos dois Continentes e um oceano entre nós, por isso sempre afirmava que não iria regressar a residir com ele, as experiências das outras vezes me deixaram com excessos de cuidados, as feridas saram e as cicatrizes com o tempo desaparecem, mas a cautela quedou no lugar.

 









Minha vida mudou muito, não penso no que vai acontecer com toda essa bagunça, tento não pensar em nós, porque no agora estamos bem por vivermos em casas separadas, o que os olhos não veem coração não sente e boca não quer, não quero cair naquele transe de ciúme louco, as saudades são muitas e mergulho a mente nos livros e me perco nas páginas assim me esqueço das sensações que me afloram a pele quando está próximo de mim, , assim me encho o cérebro para não me envolver com minhas emoções, essa é uma distração que não prejudica ninguém as vezes a saudade é tamanha que surge ganas de colocar uma mochila nas costas e partir com Antares sem rumo ao nada, mas a razão ao dever é forte.
A maneira como nós tratamos e passamos os fins de semana são diferentes, minha alma e corpo sentem essa mudança, sou amiga e companheira de quarto quando surge ocasião namoramos, estou mais serena, compenetrada, tenho a convicção que sentimos algo dentro de nós mas ao mesmo tempo estamos suspensos como parados no espaço aéreo, não fixo muito nos desejo louco de antes, há ocasiões que me sobe um fogo de passar as mãos pelo seu corpo e provar dos seus beijos que logo apago, freio uma vontade quando surge adaptando por outra, o sexo é um lado cheio de fantasias que ele fez surgir.
Minhas recordações a seu lado foram maravilhosas e continuam sendo tenho cuidado para não passar por situações anteriores porque ainda sonho com ele e sei que nada dá para garantir, que segundos de tortura não irão acontecer pois ficamos expostos aos riscos do relacionamento quando estamos envolvidos emocionalmente, é natural.
Não acho triste nem ruim nosso relacionamento, poderia ser pior para nós dois, Antares não tem mais que combater dragões e fugir das chamas da minha convivência, nem eu ser a Mata Hari, esses meses como espiã me deixavam exausta, sem falar que estava correndo risco de morrer não fuzilada mas sim pelo ciúme que me subia as veias.
Antares sem perceber decidiu nossas vidas, desistiu de mim naquele maio dia das mães de 2012 por mais que diga que está sempre no mesmo lugar me esperando, não sei se está se enganando ou querendo me enganar, prefiro não saber..
Estou com a aliança no dedo, meu coração o escolheu para companheiro de existência, já tive vontade de tira-la para não se sentir obrigado a nada, porque sei que o papel tem fundamental importância para ele.
Gosto de dormir enroscada no seu corpo, dividimos o sofá com a opção dos filmes ou músicas que são iguais, somos solidários nas madrugadas de insônia e nas dores de cabeça nós auxiliando mutuamente, não temos mais o fervor de ficarmos nos matando com dúvidas e respostas a perguntas que possam nos deixar para baixo, para ser franca evito pensar fora desse ângulo.
Quando olho para trás vejo o quanto poderíamos ter evitado tantas situações que surgiram na nossa frente, o silêncio foi nosso pior inimigo, mas não tenho arrependimento nenhum por ter estado com ele, sei o quanto é especial para mim, e isso ninguém muda nem tira, o que acontecerá daqui para diante não quero saber, vivo cada dia um dia, aproveito todos os momentos que são colocados para compartilhar independentes se vou ou não estar viva amanhã.
Antares é uma estrela de uma constelação que brilha nesse meu mundo da Utopia de verdades constantes e fortes, porque melhor que o conhecimento é o sonho, sem esse não se vai a nenhum caminho, os sonhos são a mola para nos realizarmos como pessoas e nos fazerem um pouco melhor do que somos, foi sonhando que passei pelas dificuldades. A maioria das pessoas guardam em baús as feridas da caminhada e não conseguem recordar aqueles dias estrelados, meu Antares até hoje deve se perguntar: - porque? dos e-mails apagados.
As melhores coisas estão guardadas na alma dentro do ser humano, o cheiro, voz, olhos, tato, paladar e não precisam ser gravados em papel, nossos e-mails tinham momentos de tristezas, inquisições de proceder e acontecimentos desagradáveis, não quero mais me corresponder através do papel e sim da fala, quero que a voz tenha a mesma força que a escrita, as vezes me pergunto se eu tivesse gritado, berrado quando não estava conforme com as situações quem sabe teríamos evitado esse dilúvio ou não teríamos chegado até aqui, é uma pergunta em suspensão.


urububranco.



sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Nota ao leitor

Estou em falta comigo mesma, por ter passado tanto tempo sem abrir minha página, algo que me entorpece todos os sentidos, mas tudo é justificável, estou escrevendo um livro, nele conto nossa historia, nossa realidade e fantasia misturada a todo tipo de atropelos.
Uma viagem que não sei o destino certo nem por onde vamos estacionar com nossa caminhada, a verdade é que nunca deixei de amar, estou reduzindo minha velocidade para não prejudicar os demais. Amar se pode até a distância, no meu caso é mais seguro e prazeroso.
Não sei se confio, o tempo mostrará, tive um susto por não entender o que estava acontecendo, a realidade esta além do olhar, no invisível das palavras, nos pequenos detalhes.
Descobri quem eu sou nesses sete anos que se passaram, foram bons de modo geral, prefiro não pensar muito nos maus momentos, quero enxergar o amanhã sem a neblina na vista; aceitar - sempre aceitei, porque só se aceita aquilo que se respeita, não consigo compreender a mim mesmo porque aceito, penso que se consegui entender não vou querer aceitar, por esse motivo me recuso a pensar, e me sinto feliz apenas vivendo.
As vezes acordo pela madrugada porque sonhei dormindo, não é gostoso, fico com o gostinho de quero mais e não tem como mandar todos regressarem para o meu sonho, fico movendo o corpo na cama esperando que os olhos fechem, é irritante, tentei fazer como Antares, ligar a televisão para distrair e depois cama, mas não funciona comigo, começo assistindo televisão e amanheço ligada no filme.








quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Simplesmente, simples

Estou na sala, aguardando a chegada do filho.
A musica toca no sky acompanhada pelo resmungo da geladeira.
Meus olhos estão pedindo cama.
Passam das duas da manhã.
Me distraio escrevendo.
O despertador toca no quarto vizinho.
O gato deita no meio da sala e me olha de uma maneira boba.
Uma pessoa sai cambalenado, para no corredor.
Pergunta algo que mal posso compreender.
Estou cansada para falar algo.
Tenho fome mas faço de conta.
Chegou depois das três, cansado.
Viajar é gostoso, mas regressar é melhor ainda.
A animação é grande com os preparativos.
Em pouco tempo a casa reviveu com a chegada dos movéis.
Escrevo para um militar no skype
Não sei quem é, apenas escrevo
Trocamos idéias sobre o cotidiano
São noites que esqueço do cansaço nas linhas de um caderno.


quarta-feira, 24 de julho de 2013

Pastar sem Pasto

O difícil é parar de pensa.
As férias passaram rápido.
Não posso me queixar, passeamos bastante.
Prometi que no fim do ano vamos para o sul.
Para isso estou trabalhando duro.
Cambiamos casa, digo Amém.
É maior, estamos bem centralizadas.
Tenho que esta sempre em alerta.
A avenida é bastante movimentada.
Estou contente como as coisas estão caminhando.
Tudo esta seguindo seu curso natural.
Não dependo de ninguém, ao contrário.
Meu tempo esta todo preenchido com trabalho.
Poderia ser pior.
É tempo de colher.
Jamais pensei que fosse controlar algo em minha vida.
Parece que nasci hoje.
Quanta diferença do ontem.
A liberdade é algo precioso.
Vou onde o vento me levar.
Caminho por cidades e montanhas.
Controlando para não chamar e não cair em tentação.
Falhei uma vez por ignorância e fraqueza.
Agora conheço a maldade humana.
Meus antigos valores restituidos.
Me recuperei da queda provocada pelo sonho.
O que ficou foi a descrença.
Prefiro pensar que tudo não passou de um mero acaso.
Uma peça do destino.

urububranco.











quinta-feira, 4 de julho de 2013

Outrora.


O hoje não é como ontem.
Reminiscência busquei apagar.
Um suplício serenar.
De um Ser afugentar.

De tudo que é sagrado.
Quando volto ao relembrado.
O pensamento atormentado.
Por eterno enamorado.

Quanta saudade do antes.
Dos dias dos namorados.
Dos versos apaixonados.
O bem querer olvidado.

Hoje quito da memória.
A dor me faz presente.
A cabeça repreende.
Num latejar frequente.

Novalgina, neosaldina...
Composições, entorpecentes...
Uma busca desesperada.
Para a dor demente.

Nos antigos expus respostas.
Folhas de declaração permanente.
Por que não viu no durante.
No espaço da gente.

Com dor a alma não sente.
De dia de noite dormente.
Um atraso no relógio.
Num distúrbio eminente.

urububranco.