sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Detalhes.



Ontem fui visitar um tio.
Esta se despedindo do mundo.
Regressei ao tempo.
Eu com dezenove, meu primo com vinte e dois e a prima com vinte e cinco anos.
Eramos um trio.
Durante a semana íamos para a faculdade juntas.
Minha prima cursava e eu assistia.
Nos intervalos eu tentava um ping-pong na área com um colega japonês.
Meu primo sempre se mantinha calado.
Para mim era difícil imaginar o que estaria pensando.
As conversas eram poucas.
Frases atravessadas nos comerciais de algum filme.
Na sala em frente a televisão estávamos soltos.
Liberdade gostosa.
No final da tarde minha tia regressava do trabalho.
Os cinco reunidos na sala em volta da mesa.
Compartilhávamos das novidades do dia.
Cinco horas, o lanche.
Por primeira vez fui ao cinema em São Paulo.
Com a turma da universidade.
A prima tinha um colega interessado em me conhecer melhor.
Minha mente nada me dizia.
Sem interesse.
Ela achou melhor ficar do meu lado.
Me cuidar.
Quando saíamos juntas era enfeitada.
Usava suas saias, blusas e botas.
Uma fascinante transformação.
Essa sensação de irmã mais nova dos primos ainda sinto.
Voltando ao filme.
Decamerão, de Boccaccio
Vi no cinema.
Mil novecentos e oitenta, agosto para ser mais exata.
Recordo porque chocou.
Era ingênua.
Apenas fui.
A juventude é interessante.
A maioria vai, nada mais.
As novidades são o máximo.
Adrenalina a todo vapor.
Nessas minhas passagens tenho viva as recordações.
Cada uma.
Algumas delas com datas e dias marcados.
Vivi essa adolescência com o cérebro.
Numa ocasião no elevador do meu prédio fui paquerada.
Não com palavras.
Com olhares e piscadas.
Fiquei de boca aberta, como dizem.
Tinha meus vinte e três anos.
Foi quando me dei conta que as pessoas não tem os mesmos gostos afetivos.

urububranco.

Nenhum comentário: