quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Um Passo no Tempo


Um tempo passado fui passear no parque.
Essa foi minha primeira visita nesse jardim extenso.
A última vez que havia desfrutado de um lugar assim foi na minha infância.
É tão gostoso quando se é ingênuo e indefeso.
Olhamos os adultos com admiração por serem maiores que nós.
Me sentia o máximo por saber que estava segura.
Uma criança gosta de liberdade, segurança e açúcar.
Fui criança novamente.
Sentia liberdade e segurança ao lado do meu par.
Desfrutei cada minuto daquele passeio.
São instantes que não voltam mais.
Posso ir várias vezes.
Mas todas elas serão diferentes.
Gosto de lugares arborizados e das aves.
Elas vivem para voar.
Tenho apenas pequenos recortes da infância.
Quando criança vivi uns seis meses em Manaus perto do Aeroporto.
Na calçada perto de casa, eu junto com minha irmã e irmão perseguiamos tanajuras.
Tirando as asas e pondo em cima do fogo numa frigideira.
Aquilo para nós era cozinhar na época.
Não tinhamos maldade, galinha é ave e todos comem.
E assim por diante.
Matamos aranhas e insetos sem nós preocupar se é bom ou ruim.
O instinto humano protegendo sua vida.
Gostava de brincadeiras de meninos.
Achava os jogos de meninas enfadonhos.
Nessa época eu e minha irmã usavamos botas.
Chamavam-nós de meninos.
Esse para mim era o pior passeio que fazia de volta para casa.
Olhava para essa máquina gigante com receio, acanhada de ultrapassar a porta do veículo.
Para minha imaginação queria me engolir
Sempre tive paciência para tudo.
Esse fato desagradável acontecia na condução da FAB.
Um dia o apelido se repetiu.
Não tive mais opção.
Parti para o chute sem pensar em mais nada.
Eu tinha chegado no BASTA.
Minha irmã gêmea ficou nervosa e com medo da menina contar para os nossos pais.
Eu por minha vez estava no auge do desespero e entusiasmo.
No dia seguinte todos do ônibus nós olhavam com respeito e CALADOS.
Descobri que podia brigar e ganhar.
Quando completei onze anos pedi uma bola no natal.
Meu pai insinuou se eu também não queria as chuteiras junto.
Lógico que não.
Recordo que aprendi a brincar de bola, bicicleta, jogar dama, subir em telhados .........tudo com meu irmão.
Cresci e mesmo depois de casada com filhos, continuei a subir em árvores e escala telhados.
É bom ter um pouco da infância dentro de nós.




urububranco.

Um comentário:

gaivota disse...

Você me enviou de volta no túnel do tempo. Essa música(abaixo) eu sempre canto, quando me lembro da infância e vice versa. Quando escuto essa música, volto aos meus oito anos onde eu era o rei de uma turminha de seis ou sete crianças. Eu era o mais velho com oito anos. O meu reino que era o quintal da minha casa, que não tinha cerca,
e se estendia morro acima em meio a arvores de eucaliptos. Lá construí meu castelo, com meus súditos. Construído de pedaços de galhos de eucaliptos como colunas e outros na horizontal, que eram forrados de galhos com folhas, para formar as paredes.
Algumas paredes eram de pedaços de papelão. Na porta da frente, não poderia faltar uma ponte elevadiça, formada por madeira e cordas.
Na minha cabeça eu era um Robin Wood, historia que me fascinou na infância
e fascina até hoje. Meus amigos (suditos), me seguiam. Eu criava as brincadeiras, andávamos a cavalo (um cabo de vassoura, em que sentávamos em cima, sem mais nada) , a sela, os arreios não eram invisíveis eles estavam na cabeça de cada um de nós. Cada um com um cavalo mais bonito que o do outro, e como eu era o Rei, o meu era o único cavalo branco. Tinha uma namorada também, que se chamava Bete, era loira. As loiras eram raridades naquela época, e todas as princesas eram loiras.
Ela me amava do fundo do coração assim como eu a amava, tendo ela seus cinco anos de idade, E todos respeitavam. Os dias eram lindos, céu azul, e muitas aventuras aconteceram naquele reino. Todo dia era dia de alegria. O meu reino estava completo, e lá todo mundo era obrigado a ser feliz. O resto da história é como o da música, tudo ficou na lembrança, uma boa e saudosa lembrança.

gaivota

http://www.youtube.com/watch?v=qGCL-CK_yDc

João e Maria de Chico Buarque

Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você além das outras três
Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava o rock para as matinês

Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigado a ser feliz
E você era a princesa que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país

Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido
Vem, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido

Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim?