terça-feira, 29 de abril de 2008

Ontem estive pensando nós que foram.
Não damos o devido valor que merecem.
Passamos sem perceber.
Não sou agarrada a nada, não guardo nada.
Não tenho raízes.
Tenho continuação. Os filhos.
Quando jovem me acostumei a liberdade de pensamento.
Minhas idéias são liberais referente a tudo.
Sou exigente somente comigo.
Sempre me faço perguntas.
E nessas perguntas do dia-a-dia aparecem as pessoas do passado.
Recordo de uma senhora que conheci quando tinha 18 anos.
Era da época dos meus avos maternos.
Passei alguns meses freqüentando sua casa.
Horas que me faziam sonhar.
Essa velhinha tinha mais de setenta anos.
Morava numa casa de madeira com apenas três compartimentos.
Quase todas as tardes ia visitá-la junto com minha irmã.
Disputava-mos uma cadeira de embalo modelo antigo.
Ela marcou minha vida.
Naquela época estava com a doença avançada.
Voltei por ela.
Havia prometido que o faria.
Faleceu com as mãos nas minhas.
Esperava para partir.
Nunca havia visto ninguém morrer.
Foi a primeira pessoa e única que presenciei o desligamento do corpo.
A morte é um momento de silêncio e reconciliação.
Mostrou uma opção para mim.
Não sei se aprendi essa lição.
Quando jovem visitei muito o leprosário junto com um colega.
Fiz uma amiga dentro desse local.
Ester, uma espanhola com mais do dobro da minha idade.
Havia chegado com vários imigrantes ao Brasil.
Passava os domingos ouvindo sobre suas experiências.
Por natureza me sinto bem no meio dos mais velhos.
Não sei move com os da minha idade.
Durante os anos que vive no Brasil, consegui fazer uma amiga.
A Fátima que permanece até hoje.
Amizade a primeira vista.
Sei que estou longe.
A distância não é sentida quando os laços são fortes.
Época essa em que nós duas tinha-mos muitas interrogações na mente.
Sentimentos são difíceis de entender.
Não consigo compreender até hoje.
Interpelações sempre haverão.
Respostas são raras.

urububranco.

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