quinta-feira, 6 de março de 2008

O convite


Fiquei contente quando uma pessoa me convidou para uma sorveteria.
Esse foi o primeiro sorvete que alguém pagou para mim.
Gostei do gesto.
Sorvete tem que ser no canudinho.
Para poder passar a língua e engolir devagar.
É algo que gosto de fazer com calma.
Escolhi de milho verde, pensei em pedir de café.
Não fiz porque sabia que minha companhia iria pedir esse sabor.
De todos os gostos que haviam no local esse era o mais sugestivo.
Inclusive ELE fez um pequeno comentário.
É verdade.
No geral estou sempre rindo.
Principalmente se tenho algo em mente.
No momento me veio várias opções na cabeça.
Em algumas ocasiões na vida tive vontade de fazer várias coisas.
Não fiz por saber que não é o momento.
Aguardo sempre o tempo adequado para concretizar o que quero.
O tempo sempre foi a meu favor.
Na juventude gostava de visitar o leprosário.
Eu e um colega íamos duas vezes no mês.
As vezes me convidava para passear até outra cidade vizinha.
Ou ao cinema.
Me sentia contente por estar ao seu lado.
Não falávamos nada.
Apenas saiamos juntos.
Em ocasiões me vinha no pensamento um beijo, ou abraço, um começo de algo.
Gostaria de ter sido sua namorada.
Para ser franca não sabia por que ele gostava de sair comigo.
Já que tinha namorada fixa.
As vezes quando não me ligava.
Eu com a mente firmava meu pensamento nele.
Algumas horas depois ele telefonava para sairmos.
Assim passei quase sete meses.
Usando a mente apenas.
Para ele eu era uma boa companhia.
Num desses passeios ele fez um convite diferente.
Estávamos voltando do leprosário.
Não consegui raciocinar direito.
Pedi para descer do carro.
Fiz menção de abrir a porta do veículo e me jogar na pista.
Ele compreendeu, estacionou o automóvel.
Mas depois que passei do susto, percebi que não tinha dinheiro suficiente para voltar para casa.
Me levou até em casa.
No dia nove de dezembro de 1979 de noite, nós encontramos no aniversário de um colega nosso.
O que falei nessa noite só ficou entre ele e eu.
Soube que ele tinha ido depois de um par de dias conhecer meus pais.
Há meses fazia o convite.
Foram anos pensando nele.
Mesmo agora depois de casada ele surgi na minha mente.
Gostava e queria ficar com ele.
Não sei o que foi que houve nesse dia da visita.
Minha mãe tinha outros planos para mim.
Esse fato nunca esqueci.
Não percebia que meu corpo estava desenvolvido.
Foi quando me revoltei.
Era uma adolescente.

urububranco

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